quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Organismo

Escuto... Observo. Reclamo.
Reclamo muito.
Testemunho as belezas e a feiúras que movimentam as ruas.
Acompanho histórias que compõe a história de um lugar que se modifica constantemente diante dos meus olhos. Vejo a degradação se promover. O que vai sobrar? Teremos que construir uma cidade imaginaria para arquivar nossas memórias?
Talvez viva na cidade mais segura do mundo. Mas, é horrível temer um lugar que você amou tanto; ver um local que conhecia tanto e ter medo de suas sombras, ver ladeiras familiares e ser incapaz de subir.
O manual de sobrevivência da rua está além da pizza com a família nos finais de semana. Abrange desde o menino acrobata do semáforo até as menininhas, de poucos anos, que vendem seus corpos por qualquer trocado. Ignorância humana? Mais que isso... É repugnante imaginar o ser inescrupuloso que se presta a um papel desses.
É entorpecedor descobrir que dentro de si habita um ser estranho. Que possui seus braços, suas pernas, sua boca, seus olhos. Um ser insone e incansável que continua vagando, continua se alimentando, continua absorvendo...
Continua...
Continua vivendo.
Um lugar, assim como qualquer outro, está sempre em constante modificação, como um organismo.
Por um tempo não entendia como as pessoas vivam com medo; medo de ir pra casa sozinho, medo da escuridão da noite, medo do seu semelhante. Sempre achei que o medo era para os fracos, até que fui atingida, e quando isso acontece você percebe que ele esteve ali o tempo todo esperando, a espreita de tudo que você ama.
A pele arrepia, o coração acama, e você percebe que não é a mesma pessoa que um dia foi. Mas segue os caminhos, questiona se um dia voltará a sê-la; sabe que apesar dos altos e baixos é preciso viver.
Andando você encontra lugares e coisas que jamais poderia imaginar a existência, porém eu os encontro e até permito que me encontrem também. Nesses caminhos vi que mesmo a mentira diz alguma coisa, pois quem mente tem suas razões em dizê-la.
Depois que você é tocada, não tem como voltar a ser aquela pessoa, voltar àquele lugar.
Essa coisa estranha domina e passa a ser você.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009



"Cinzas de agosto e na mesa o vinho derramado

...

Meu coração vive cheio de amor e deserto
Perto de ti dança a minha alma desarmada
Nada peço ao sol que brilha
Se o mar é uma armadilha
Nos teus olhos"
(Zeca Baleiro)

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Ser criança

Aqui começa a vida!
Quando criança tudo parece tão fácil de ser resolvido... Nossa dúvida maior gira em torno de qual doce gostaríamos de ter como sobremesa ou mesmo qual profissão teremos quando “grandes”. Os medos são sanados com um simples abraço fraterno, pois temos em nossos pais verdadeiros super-heróis, que mesmo desprovido de poderes extraordinários fazem-se invencíveis pelo simples fato de serem nossos pais.
Uma criança faz-se agraciada pelo simples fato de existir!
Lembro bem dos amiguinhos de escola fazendo piqueniques ou mesmo colocando apelidos uns nos outros, das amiguinhas que passavam tardes a divertir-se com as bonecas imaginando vidas perfeitas ao lado de um príncipe encantado; algumas até apreensivas, pois já tinham seus nove ou dez anos e não sabiam se seriam modelos ou médicas.
Quando criança, comemos chocolate e não nos preocupamos se engorda, o mais importante é o sabor delicioso e a sensação de satisfação que ele nos proporciona.
Quando criança, corremos o mundo com os pés descalços e nos sentimos confortáveis, queremos mesmo é nos divertir seja lá correndo atrás de uma bola ou brincando de “pia”.
Quando criança, desenhamos nossos sonhos e os oferecemos aos nossos pais como presentes, talvez para eles sejam apenas rabiscos, mas por trás da casinha, das linhas mal traçadas representando a família e do sol sorrindo a iluminar os matinhos, existe a expressão de uma vida feliz, o orgulho do que se tem por representação maior e até mesmo ponto de equilíbrio.
Quando crianças, traçamos toda uma vida. Desenhamos nosso futuro, casa, companheiro, filhos, nomes e todos os dias felizes que teremos a partir daquela realidade.
Assim faziam-se meus dias...
Numa perfeita sincronia de amigos inseparáveis que permutavam, porém jamais se afastavam; amigos os quais o tempo jamais me roubará, que se faziam perfeitos no meu universo. Num perfeito sonhar!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Doce amargo





Ando pelas ruas...
Não procuro abrigo, comida ou sentimentos qualquer, apenas absorvo situações. Me indigno, me alegro, mas nunca sou o que sou; é como se existissem vários eu’s habitando em mim, e como se cada um deles estivesse em destaque no momento errado.
Vi coisas que pensei não existir, fiz coisas que não me julgava capaz; tirei, dei, ajudei... Poderia até ter aprendido o significado de alguns sentimentos, mas me deparei com coisas demais pra ter certeza da veracidade de qualquer um deles.
Como acreditar que o amor é bom se vez ou outra me peguei ou cruzei com pessoas que sofreram por causa dele? Como confiar se já presencie momentos em que arrancaram dos outros objetos pessoais? Como ser otimista se por onde quer que passe, pessoas pedem dinheiro, abrigo, comida?

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Cada dia se faz novo

Dizem que o sol que nasce a cada dia vem novo e cheio de boas energias, prontinho pra libertar-nos das coisas ruins. Mas, essas lembranças estão impregnadas em nós e nos fazem ciente de que hoje será sempre o dia de amanhã que tanto lhe preocupava ontem.
Sei que podemos escolher entre ser uma pessoa feliz e otimista ou ser uma pessoa triste e negativa. Ninguém é tão somente responsável por fazer outra pessoa feliz ou infeliz; a decisão só depende de si mesmo.
A tristeza quando chega ao coração do homem, é o início de uma grande luta individual, e a única coisa capaz de curar tal sentimento é a ação. Hoje diria seguramente que o acreditar é fundamental, que por mais que os dias passem e o que nos aflige perdure, mais cedo ou mais tarde tudo se resolverá.
Acreditar, lutar e seguir adiante...